O trecho em epígrafe
refere-se ao episódio em que Jesus e Seus discípulos retornaram à casa de
Lázaro a quem havia ressuscitado e foi recebido com honras por Maria, que lhe
ungiu os pés com um unguento de caríssimo nardo puro e enxugou com seus cabelos
os pés Daquele a quem tinha a mais
profunda gratidão e reconhecimento. Mas Judas, um dos discípulos, o que haveria
de trair o Mestre por 30 moedas, julgou um desperdício usar um produto tão caro
nos pés de Jesus e sugeriu que a venda daquele perfume renderia muito dinheiro
que poderia ser dado aos pobres. João, ao narrar o fato, faz um comentário que
nos chama a atenção. Ele destacou o caráter
de Judas, que, sendo o tesoureiro, retirava da bolsa as doações recebidas.
Daquele tempo para os dias atuais, muitos judas apareceram com o mesmo
discurso: usam o nome dos pobres, mas roubam aquilo que a eles deveria ser
dado. Muitos são os que falam em nome dos pobres, mas enganam a sociedade e
escondem em seus discursos o verdadeiro caráter. Deus conhece a mais profunda intenção
do coração e, ainda que muitos sejam enganados, a Deus não se pode enganar.
Todavia, Deus olha por aqueles que são iludidos, conforme nos diz o sábio
Porque o Senhor defenderá a sua causa em
juízo, e aos que os roubam ele lhes tirará a vida. Provérbios 22:23
sábado, 29 de abril de 2017
Disseram, pois, os judeus: Vede
como o amava. João 11:36
O evangelista João
relata que quando Jesus encontrou Maria, irmã de Lázaro, e viu que ela e outros
estavam chorando, Ele também chorou, por ver o sofrimento daqueles a quem
amava.
Esse relato mostra não
só que Jesus tem o poder de devolver a vida aos que Nele creem, mas também que
Ele se compadece daqueles que sobre com as perdas de seus entes queridos. Jesus
sabia que ressuscitaria Lázaro, mas mesmo assim Ele chorou. Isso demonstra que,
apesar de ter recebido do Pai o poder, Ele agia como um ser humano e demonstrou
Seu grande amor e compaixão por seus amigos. Jesus sofria a dor daquele que
amava e deixou-nos um grande exemplo de compaixão e de solidariedade. O amor
que Jesus sentia por aquela família também nos mostra que Ele ama as pessoas
nas suas diferenças. Marta, Maria e
Lázaro eram Seus amigos e Nele criam, mas eles não eram iguais. A Bíblia
descreve as diferenças de personalidade e de atitudes desses irmãos. Marta era autoritária
e trabalhadora, exigente e dedicada aos afazeres domésticos. Maria era mais
espiritual, porém um pouco negligente de algumas responsabilidades e de Lázaro sabemos
apenas que era tranquilo e não chamava a atenção para si mesmo. Mas Jesus amava a todos da mesma forma e pelo
mesmo motivo, com a mesma intensidade.
Louvai ao Deus dos céus; porque a
sua benignidade dura para sempre. Salmos 136:26
A passagem da morte e
ressurreição de Lázaro nos mostra que as irmãs realmente acreditavam que Jesus
poderia ajudar seu irmão. Elas tinham fé em Jesus e criam que se Ele estivesse
presente Lázaro não morreria. Mas vemos que elas não tinham a dimensão do poder
de Jesus, pois supunham que Ele teria evitado a morte, mas não tinham fé
suficiente para crer em Seu poder de ressuscitá-lo. Isso nos faz refletir sobre
a fragilidade de nossa fé, pois uma fé perfeita dificilmente é encontrada nas
pessoas. Sempre é mais fácil afirmar a fé, quando estamos saudáveis, ou longe
dos problemas, mas nossa fé é pesada quando enfrentamos luas e enfermidades. Até
mesmo a fé mais forte é muito frágil e pode quebrar a qualquer momento durante
as dificuldades. A história de Lázaro e suas irmãs nos mostra que confiar em
Deus é acima de tudo um exercício de fé sobrenatural, sabendo que o tempo de
Deus é o melhor tempo para tudo. E tudo o que nos acontece é feito apenas no
momento certo, da maneira certa, quando confiamos em Jesus, que é Senhor de tudo, até mesmo da morte.
Portanto, Ele sabe o melhor momento para curar e para nos dar livramento.
Precisamos entender que a morte física é certa, e que todos um dia irão morrer,
contudo, aqueles que estão perdidos irão morrer duas vezes, a morte física e a
separação eterna do Criador, pois assim como Jesus fez com que Lázaro, morto
fisicamente há três dias, voltasse à vida e Ele mesmo ressuscitou, os que Nele
creem também serão ressuscitados, pois Jesus é a ressurreição e a vida e tem
poder absoluto sobre a carne e o mundo espiritual.
Os mansos verão isto, e se
agradarão; o vosso coração viverá, pois que buscais a Deus. Salmos 69:32
Essa passagem da vida de
Jesus, narrada por João, nos ajuda a compreender o propósito de Deus em nossas
vidas e que caminhos seguir a partir desse entendimento. O que aconteceu com
Lázaro metaforicamente também acontece conosco nos tempos atuais. Precisamos
compreender que como passageiros deste mundo corruptível todos estamos sujeitos
à doença, inclusive os amigos de Jesus. Muitas vezes Deus permite a enfermidade
para nos chamar a atenção e nos levar à oração e à Sua Palavra, mostrando-nos
que somos dependentes Dele. Que somos criaturas e não podemos fazer nada sem a
Sua permissão. A doença vem para nos lembrar de nossa vida é efêmera e que
precisamos cuidar do que é eterno. A doença e também a morte não é permanente
para o que crê, mas podem ser usadas para a glória de Deus. A ressurreição de
Lázaro nos mostra que Jesus está atento e age no Seu devido tempo e tem poder
absoluto sobre a carne e o mundo espiritual. Só Jesus pode dar de volta a vida
a um corpo em decomposição, mas as pessoas podem tirar a pedra que separa a
vida da morte, por isso Jesus chamou as pessoas ao túmulo para removerem a
pedra. Contudo, a narrativa Bíblica nos chama à atenção para o fato de que
Jesus falou diretamente com Lázaro para sair. Isso nos mostra que o chamado
para a vida é pessoal, embora possamos contar com a ajuda das pessoas que nos
amam para ajudar a remover a pedra e a tirar as ataduras que nos aprisionam e
nos levam à morte. Mas os que creem e são amigos de Jesus podem afirmar como o salmista
O nosso Deus é o Deus da salvação; e
a DEUS, o Senhor, pertencem os livramentos da morte. Salmos 68:20
O evangelista João
registra um momento em que Jesus se apresenta como o bom pastor. Aquele que
conhece as suas ovelhas e delas é conhecido, demonstrando que há uma comunhão
entre eles, assim como Jesus com os Seus verdadeiros servos, tal como a
comunhão entre o Pai e o Filho. A analogia que Jesus faz alcança a Igreja de
hoje, quando vemos que muitas ovelhas precisam reconhecer a voz de seu
verdadeiro pastor, quando muitas estão fora do aprisco. A mensagem de Jesus nos
lembra que Ele mesmo garantiu a vitória a todos aqueles que O obedecem e que O
amam. Aquele que conhece a voz do Bom Pastor cumpre os seus mandamentos. A
Bíblia nos diz que o ladrão vem para roubar, matar e destruir, mas Jesus deixa
claro que ninguém tem o poder de tirar Dele as Suas ovelhas, reiterando o que
já havia dito o profeta Isaías 40:11
“Como pastor, apascentará o seu
rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio; as
que amamentam ele guiará mansamente.”
O apóstolo João registra
em seu Evangelho um importante milagre de Jesus, dentre os muitos relatados ou não
na Bíblia. Se hoje temos um tratamento diferente aos cegos, no tempo de Jesus
os cegos não tinham valor algum e sua cegueira era tida como castigo por algum
pecado. A Bíblia relata que Jesus notou no meio da multidão um homem cego,
relegado à indiferença da sociedade de Jerusalém, assim como ainda acontece nas
grandes atualmente. O entendimento era de que se nascera cego, estava sendo
castigado por algum pecado e por isso permanecia abandonado, sozinho,
dependendo da caridade e da compaixão de quem por ele passasse. Todavia, ele
recebeu a graça de ser notado por Jesus que não vê multidões. E sim a pessoa em
profundidade. E quando Jesus prendeu sua atenção naquele pobre homem seus
discípulos, condicionados pela crença da "causa e efeito", questionaram
o Mestre sobre quem haveria pecado se ele nascera cego. Percebemos que havia um
preconceito claro ali, pois o julgamento não olhava a pessoa e sim o que a
sociedade estabelecia como pecado. Mas Jesus quebrou esse paradigma, primeiro
porque parou para dar atenção àquele que sequer era notado pelos outros. Isso
nos mostra que Jesus se importa com cada ser humano, sem distinção ou
julgamento e assim mostra aos seus discípulos que não havia nenhum castigo e
nenhuma maldição hereditária na vida daquele homem. E Jesus nos mostra que a
cegueira maior era da sociedade que se prendia muito mais a legalismos, por
isso os fariseus se incomodaram com o fato de que Jesus curara o cego em um
sábado. Pouco importava se aquele era o momento de luz para alguém que passou a
vida toda na escuridão. O ritual era mais importante do que a vida ou a saúde daquele
homem. Nisso, a sociedade atual continua a mesma. As leis beneficiam, por seus
rituais, os corruptos, os ladrões, enquanto os doentes continuam à margem da
sociedade. Vemos que Jesus queria não só curar a cegueira física, mas também
abrir os olhos espirituais do cego e de todos demais. O Senhor ainda chama
Trazei o povo cego, que tem olhos; e
os surdos, que têm ouvidos. Isaías 43:8
O apóstolo João relata
em seu Evangelho uma lição que Jesus nos deixou para que possamos entender o quão
importante é permitirmos que Deus se revele a nós tal qual Ele é. Sem essa revelação
ouvimos a Palavra, mas não a compreendemos. Muitos são os que julgam estar com
Deus, mas não O conhecem, porque se apegam a ritos, dogmas e até a cientificismos
tais que apenas definem Deus, mas não O revelam. É comum ouvirmos que todos são
filhos de Deus. Contudo, o fato é que todos fomos criados por Ele, até mesmo quem não crê em Sua existência.
Afinal, nenhum cientista pode demostrar que há um ser que se autocria. Qualquer
objeto, do mais simples ao mais complexo tem um criador e qualquer coisa criada
na terra não nasceu de si mesmo, mas foi feita a partir dos elementos que já
estavam criados na natureza. A Bíblia nos relata que Deus criou o mundo e tudo
o que nele há e também criou o homem a Sua imagem e semelhança. Se cremos na
Bíblia como Palavra de Deus, entendemos que até os que nela não creem foram
criados por Deus, portanto são criaturas de Deus. Entretanto, se todos são feitos
criatura, nem todos são filhos. Somente aqueles que têm a revelação e recebem
Deus como Pai compreendendo o sacrifício de Jesus são feitos Seus filhos. Quando
colocamos nossa fé em Cristo, tornamo-nos FILHOS DE DEUS (Efésios 1:12). Mas as
pessoas que rejeitam Cristo e preferem a auto justificação, ignorando o Criador
não são consideradas por Ele como filhos, não porque Ele não queira, mas pela própria
liberdade que o Criador deu as Suas criaturas para fazer escolhas. Os filhos de Deus obedecem ao Pai, mas as
criaturas confiam em coisas da carne, não entendem a Palavra, são mentirosos e
gostam da mentira, mais do que a verdade, não escutam a Palavra de Deus e se
deixam enganar pelo diabo.
Por isso toda a visão vos é como as
palavras de um livro selado que se dá ao que sabe ler, dizendo: Lê isto,
peço-te; e ele dirá: Não posso, porque está selado. Isaías 29:11
É interessante observarmos
que Jesus revela nessa passagem o seu dom mais precioso e a chave que nos
conduz ao Reino da Glória, mas onde estava a luz os judeus enxergaram trevas! Eles
foram incapazes de compreender que Jesus não estava falando da morte física, inevitável
a todos nós, mas dizia da morte da alma. E assim como os judeus muitos não entendem
essa passagem e tampouco creem que têm uma alma. Assim como os judeus muitas
vezes vemos “demônios” onde deveríamos enxergar um livramento de Deus. Precisamos
entender que a vida eterna começa hoje, quando permitimos que a ação do
Espírito, o Consolador, Aquele quem Jesus deixou em Seu lugar. A vida eterna
começa quando enxergamos nos nossos erros a oportunidades de corrigir e de
acertar, quando ouvimos a Palavra e damos lugar ao crescimento, ao
amadurecimento espiritual e nos movemos em direção a Cristo atraídos pelo Seu
amor e Sua misericórdia e não nos arvoramos a apedrejá-Lo. João relata que os
judeus, contemporâneos fecham seus corações à ação do Espírito de Deus, que
sempre revela a verdade, e preferem se esconder atrás da mentira, julgando-se
autoridades para condenar os outros, sem examinarem a si próprios, conforme nos
ensina o salmista.
Examina-me, Senhor, e prova-me;
esquadrinha os meus rins e o meu coração. Salmos 26:2
Jesus nos dá uma
ilustração específica do tipo de atitude de julgamento que ele é contra. Quando
olhamos para o outro e nos colocamos na posição de julgadores enxergamos as suas
falhas, no entanto, nos esquecemos das nossas. O Senhor cria um dilema para os líderes
religiosos e nos faz refletir sobre a nossa própria atitude até mesmo no dia a
dia, quando olhamos para a aparência das coisas e julgamos o que nossos olhos
alcançam. Muitas vezes apontamos o erro nos outros e passamos ao largo de nossas
falhas. Mas quando olhamos para a justiça de Deus e deixamos de ser críticos em
relação a outras pessoas entendemos que somente Deus pode nos levar a abandonar
a atitude de julgamento de criticar os outros para refletirmos sobre nossas
próprias falhas e deixarmos que o Senhor seja o nosso juiz, pois como bem
lembrou o autor de Hebreus 4:13 “E não
há criatura alguma encoberta diante dele, mas todos estão nus e expostos aos
olhos daquele a quem havemos de prestar contas.“
Deus é Pai e Juiz e a
Ele cabe o julgamento com a justa medida e aquele que assim age entenderá o diz
o profeta Isaias 11:3
E deleitar-se-á no temor do Senhor;
e não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir
dos seus ouvidos.
A vontade de Deus,
registrada pelo apóstolo João nas palavras de Jesus é a de que todos tenham a oportunidade de arrependimento para a
salvação, por isso enviou seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo,
mas para que o mundo fosse salvo por ele (João 3:17). O nosso acusador,
portanto, não é Deus e sim o diabo: aquele que veio para matar, roubar e
destruir. Jesus deixou claro que Deus não tem prazer na morte do ímpio, mas tem
grande alegria por qualquer pecador que deixa seus pecados e busca a reconciliação
nos braços do Senhor. Contudo, assistimos as investidas do inimigo sobre a
família, instigando os homens a desobediência à Palavra de Deus. Embora suas estratégias
sejam as mesmas de quando levou o primeiro homem ao pecado, cega o entendimento
de muitos que não conseguem perceber que estão se afastando do Criador sob a ilusão
de que são suficientemente capazes de decidir sobre suas vidas, sobre o que
querem e podem fazer com seus corpos, sem atentarem para o fato de que feitos à
imagem e semelhança de Deus são templos do Espírito. Mas, infelizmente, o mundo
jaz no maligno e ao fazer o que é contrário à vontade de Deus realiza a os mais
terríveis atos contra a natureza e contra o próprio homem. A boa notícia é paciente
e de forma amorosa continua à espera que o homem, assim como o filho pródigo
perdido, volte à casa do Pai.
Assim diz o Senhor dos Exércitos, o
Deus de Israel: Melhorai os vossos caminhos e as vossas obras, e vos farei
habitar neste lugar. Jeremias 7:3
O Evangelista Lucas
narra a cura do Filho do Oficial do Rei quando Jesus estava pela segunda vez em
Caná, onde antes havia realizado o seu primeiro milagre, transformando água em
vinho. Havia nessa cidade um alto funcionário, cujo filho estava gravemente
enfermo, acometido por uma violenta febre maligna. Esse pai temia que seu filho
morresse e soube da notícia da volta de Jesus para Caná, o que lhe trouxe esperança,
porque cria Naquele cujo nome e milagres o precediam. Então ele roga a Jesus para
descer a Cafarnaum e curar seu filho doente. Jesus, porém, às vezes colocava à
prova a fé daqueles que O procuravam, pedindo milagres ou sinais. Muitos precisavam
ver antes, para crer depois. E Jesus sabia que muitos tinham um tipo de fé vacilante
e superficial. No entanto, queria que as pessoas cressem sem que um milagre visível
acontecesse. No episódio da mulher Samaritana, não ocorreu um milagre explícito
para que ela cresse. O verdadeiro acontecimento que levou à fé genuína não foi
um milagre físico, mas o fato de que aquela mulher entendeu de onde viria a
salvação e por intermédio dela as pessoas creram na pregação e no testemunho de
Jesus. Vemos que Jesus despertou a fé genuína no coração daquele nobre. Muitos
pais, atualmente, precisam de um verdadeiro encontro com Jesus para que seus
filhos não morram. Mas para isso é preciso ter fé. Assim como aquele oficial,
precisamos crer antes de ver. E assim termos a certeza de que nossos filhos
vivem, pela Palavra de Jesus, pois assim como pela Palavra Deus transformou o caos
em mundo, pela Palavra somos transformados.
Mas é necessário
pedir, clamar, buscar a Deus em orações e súplicas, e confiar na Palavra do
Senhor, pedindo-Lhe que Ele nos ensine como agir diante de nossa incredulidade,
assim como fez o salmista.
Aceita, eu te rogo, as oferendas
voluntárias da minha boca, ó Senhor; ensina-me os teus juízos. Salmos 119:108
A Bíblia registra no
evangelho de João que Jesus havia deixado a Judéia e se dirigia para a Galileia,
mas "era-lhe necessário passar por Samaria" (João 4:4). Vemos, então
que Ele, sendo santo e puro, escolheu não se desviar da cidade onde viviam
aqueles rejeitados pelos judeus. Os judeus rejeitavam os samaritanos, mas Jesus
ao contrário, amava-os sem julgamento e queria dar a eles a salvação eterna. E
isso pode ser visto no episódio protagonizado pela mulher samaritana e, por intermédio
dela a salvação chegou às pessoas que moravam em Samaria. João relata que Jesus
teve sede e sentou-se junto da fonte, e dela se aproximou uma mulher de Samaria
surpresa por encontrar ali um judeu e mais ainda mais por ele pedir que ela lhe
desse de beber. A surpresa principalmente por ser uma mulher rejeitada e também
por seu modo de vida. Mas Jesus quebra este preconceito e inicia uma conversa
com ela pedindo água. No entanto, aquela mulher pensava que Jesus não falaria
com ela e ficou impressionada com o próprio fato de Jesus falar com ela sendo
um judeu, devido ao orgulho que separava judeus e samaritanos. Mas Jesus nos
ensina uma lição: não importa a posição social, a condição financeira, ou nossa
educação. Aquele que chega a Deus com sede, será saciado. Jesus não tem
preconceito e não rejeita quem se achega a Ele.
Precisamos compreender
que todas as outras fontes do mundo não satisfazem, pois nós voltaremos a ter
sede. Somente Jesus pode satisfazer plenamente
Porque em ti está o manancial da
vida; na tua luz veremos a luz. Salmos 36:9
João relata em seu
Evangelho a conversa de Jesus com um homem muito importante entre os judeus:
Nicodemos, um fariseu, dentre os poucos judeus, que tinham um desejo de
conhecer a verdade, por isso foi ao encontro de Jesus à noite para que o povo
não o criticasse e o julgasse por essa sua atitude: “Entre os fariseus havia um
homem chamado Nicodemos. E nessa conversa Jesus deu-nos uma importante lição sobre
como o homem pode ser salvo. Jesus explica a Nicodemos que o homem precisa
nascer de novo: pelo batismo. E o novo homem só pode nascer no reconhecimento
do senhorio do Senhor Jesus em sua vida. E Jesus deixa clara a misericórdia de
Deus, afirmando que não é Deus quem condena quem nos condena, mas a própria
pessoa, pelas suas atitudes e opções. Quem crê em Jesus, reconhece-O como
Senhor e obedece aos Seus mandamentos. Assim, vive com responsabilidade, por
isso não é julgado. Agora, quem não crê e vira as costas para o sacrifício do
Filho único do Pai, já está julgado pela opção que fez. Aqueles que vivem
segundo a carne e se deixam corromper pelos apelos do mundo já se condenaram, e
só a misericórdia do Senhor poderá livrá-los. Somente pelo amor é que o mundo
será salvo. E só o amor e a graça de
Jesus nos dá a paz e a verdadeira justiça. O que disse o Senhor a Nicodemos é
vital para compreendermos a verdade e seguirmos o caminho da justiça.
E o efeito da justiça será paz, e a
operação da justiça, repouso e segurança para sempre. Isaías 32:17
O evangelista João é o
único a registrar como sendo o primeiro milagre de Jesus. Esse texto muito
conhecido relata o episódio protagonizado por Jesus, Sua mãe, irmãos e Seus
Discípulos quando foram convidados para uma festa de casamento em Caná da
Galileia. A tradição naquele tempo era de casamentos celebrados durante 7 dias durante
os quais teria que ser servido do bom e do melhor para todos os presentes. O
vinho, símbolo de alegria, era um elemento imprescindível e a sua falta conotava
desonra, humilhação para as famílias. Quando entendemos esse contexto, vemos
que o que foi conhecido como o primeiro milagre não foi a transformação química
de água em vinho. O verdadeiro milagre foi a constituição da família em honra. Não
foi por acaso que o primeiro milagre do Senhor está diretamente ligado à
família, quando de sua constituição. A mesma família tão assolada hoje. Vemos
que Jesus estava no momento certo, no lugar exato para operar o milagre na vida
daquela família que se estabelecia diante dos convidados, testemunhas que se
alegravam com sua constituição. Isso nos mostra que casamento não é uma
sociedade qualquer que pode ser desfeita, ou feita por acaso. Não é por acaso
que a Bíblia registra como o início do ministério de Jesus como sendo um casamento
e não a ressurreição de Lázaro, ou a cura de um cego, paralítico, ou a libertação
de algum endemoninhado. Jesus nos mostra a Sua estima pela família e a sua importância para a sociedade,
por isso a restitui antes que ela começasse com problema. O vinho representava
a esperança de uma vida feliz aos recém-casados. Esse episódio nos faz refletir
sobre o poder transformador de Jesus, e sobre como Sua Presença traz alegria e
benção ao casamento. E o vinho da alegria só foi possível porque naquela casa
havia o essencial para que a transformação fosse feita: a água, sinônimo de
vida e símbolo da Palavra de Deus. Não é por acaso que o batismo na água simboliza
a transformação do velho homem em nova criatura. Mas não podemos nos esquecer
de que Jesus só transforma a vida daqueles que O convidam.
Pois será como a árvore plantada
junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas
não cairão, e tudo quanto fizer prosperará. Salmos 1:3
O mundo foi feito por
intermédio da Palavra. No livro de Gênesis isso é registrado por Moisés e
mostra-nos que o Criador pronunciou palavras de ação, ou verbos, e o mundo se
formou e tudo o que nele há. No Novo Testamento lemos que a Palavra se fez
“carne” e habitou entre nós. João é o único evangelista que identifica Jesus
diretamente ligado e originado a Deus desde o início de tudo. Assim entendemos o
que João nos mostra quando inicia o seu Evangelho ao dizer que Jesus é a
Palavra que veio como homem e habitou entre nós. Esta foi a maior manifestação
de Deus aos homens: Jesus (homem) é o testemunho de Deus, o Todo Poderoso. Não há
meio de comunicação mais forte entre o Criador e a criatura, por meio da qual
aqueles que compreendem e aceitam a mensagem são feitos filhos de Deus, quando
o Ele mesmo veio na Terra, como homem, para nos redimir e salvar. A Bíblia diz
que Ele veio para os que eram Seus e os Seus não O receberam. Os judeus, povo
de Deus, crucificaram Jesus, pois não O aceitaram.
E disse Deus: Façamos o homem à
nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e
sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o
réptil que se move sobre a terra. (Gênesis 1:26)
O último capítulo de
Lucas relata o encontro de Jesus com alguns de Seus discípulos, logo depois de
ter ressuscitado. O fato que nos chama a atenção é que o evangelista Lucas
registra que Ele não foi reconhecido por aqueles que andavam com Ele até poucos
dias antes. O mais interessante é constatarmos que esse fato ainda acontece nos
dias atuais e com bastante frequência. Apesar de encontrarmos vários lugares
onde se diz ser a Casa de Deus, não é tão fácil achar Jesus verdadeiramente. O
texto em epigrafe nos faz refletir sobre a causa de isso acontecer. O fato é
que as pessoas buscam nas igrejas, nos templos, nas religiões ou comunidades não
um encontro com o Senhor Jesus, mas coisas diversas a pretexto desse encontro. Muitos
buscam solução para os seus problemas, outros buscam cura, promoção, ascensão
social, dentre tantas coisas materiais. Mas poucos são os que buscam o que as
mulheres que encontraram o túmulo vazio buscavam. A Bíblia nos mostra que elas verdadeiramente
buscavam Jesus, mesmo julgando que Ele estivesse morto, portanto, sem condições
físicas de oferecer algo. Elas simplesmente queriam servir o mestre com suas
especiarias e unguento. Contudo, em vez achar um corpo morto, elas encontraram
algo muito maior. Foram as testemunhas da ressurreição. Os discípulos a caminho
de Emaús não perceberam que o Senhor estava ao seu lado, porque esperavam que
Ele fizesse algo diferente para surpreendê-los. Assim como eles, faltou
entendimento sobre como buscar Jesus e sem isso não conseguimos encontra-Lo. A
Bíblia nos ensina a não buscarmos em Jerusalém Aquele que nasceu em Belém. A não
buscarmos nos palácios Quem nasceu em uma estrebaria. A não tratarmos como
morto Aquele que venceu a morte, pois como nos lembra o profeta Zacarias, Jesus
vive e viverá eternamente
Zacarias 9:9: "Alegra-te muito,
ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei; ele
é justo e traz a salvação; ele é humilde e vem montado sobre um jumento, sobre
um jumentinho, filho de jumenta."
Os Evangelhos
registram que Jesus tinha sido preso, crucificado, tinha morrido e já tinha
ressuscitado, algumas mulheres tinham ido ao sepulcro e viram que ele estava vazio,
e que Jesus apareceu para elas, e lhes mandou que avisassem Pedro e os discípulos,
contudo eles não creram. No texto em epígrafe, Lucas relata que outros dois
discípulos enquanto caminhavam para uma aldeia próxima iam falando sobre tudo o
que tinha acontecido nos últimos dias em Jerusalém. Eles se sentiam
decepcionados, porque achavam que o Messias não morreria, ou que ressuscitaria diante
de todos. Eles não acreditaram no que as mulheres disseram, mas enquanto
caminhavam, o próprio Senhor Jesus se juntou a eles e entrou no assunto.
Caminharam falando de Jesus sem perceberem que o próprio Jesus ia com eles. Ao analisarmos
nossas atitudes cotidianas, à luz da a Bíblia, entendemos que esse episódio marcado
pelos evangelistas também acontece conosco, quando testemunhamos os milagres de
Jesus, clamamos a Ele por uma resposta, e Jesus fala conosco, nos mostra o
caminho que devemos tomar, mas os nossos olhos estão fechados e não conseguimos
perceber Sua presença entre nós. Muitas vezes esperamos a resposta que julgamos
ser conveniente, ou segundo a nossa lógica e desejo do nosso coração, não
enxergamos, não ouvimos o que o Senhor nos fala. Jesus, enquanto caminhava com
os discípulos, pergunta o porquê da tristeza deles. E ainda hoje nos pergunta qual
o motivo da nossa tristeza. O Senhor chama atenção deles, por não crerem nas
Escrituras, no que os profetas anunciaram sobre a vinda do Messias. E essa
mensagem também é dirigida a nós. Precisamos entender a palavra profética.
Vinde, e tornemos ao SENHOR, porque
ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos atará a ferida. Depois de dois dias
nos dará a vida; ao terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos diante dele. (Oséias
6:1-2)
A Bíblia conta que Pilatos
não encontrou nenhuma culpa em Jesus e quis solta-lo, mas seus acusadores insistiram
com acusações contra Ele, assim, para se eximir da responsabilidade,
aproveitou-se da tradição de soltar um preso judeu por ocasião da páscoa e
deixou para a multidão escolher a quem soltaria dentre os presos: Jesus ou
Barrabás. Provavelmente, Pilatos imaginou que o povo escolheria anistiar Jesus,
baseando-se no fato de que uma semana antes o povo O havia aclamado pelas ruas
de Jerusalém e também porque o povo tinha conhecimento da extensa ficha corrida
de Barrabás. Seria impensável que a multidão decidisse pelo marginal sabendo
que o histórico de Jesus demonstrava que Ele só havia feito o bem: curou enfermos,
libertou endemoninhados, deu vista aos cegos, dentre tantos milagres. Mas se à
época a escolha surpreendeu Pilatos, vemos hoje que ela faz sentido não só
porque fazia parte do Plano de Salvação, mas também porque essa tem sido a
escolha de muitos ainda hoje. Os que escolhem Barrabás o fazem porque não
querem ser questionados sobre seus erros, sobre como conduz sua vida pessoal,
sobre como administra seus bens, ou sobre como obedece a Palavra de Deus. Os
que escolhem Barrabás são os que acham que podem fazer o que bem entendem de
seu corpo, de sua vida, e entendem que todos os caminhos levam a Deus. Não é
difícil entender por que a multidão preferiu libertar Barrabás e condenar Jesus.
É a mesma escolha que muitos fazem até hoje. Os que rejeitam Jesus em seus
corações são semelhantes aos que autorizaram a Sua crucificação. E como
profetizou Isaías 53:7
Ele foi oprimido e afligido, mas não
abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha
muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.
Lucas relata o momento
em que Jesus estabeleceu a Santa Ceia. Esse foi o marco divisor entre a Velha
Aliança e o início Nova Aliança. Quem toma a Ceia do Senhor demostra que
aceitou o sacrifício de Jesus pelos seus pecados. A celebração da última páscoa
por Jesus com os apóstolos deu início à Santa Ceia a fim de que hoje pudéssemos
lembrar o Seu sacrifício por nós na cruz, pois esta foi deixada por Jesus em
lugar da páscoa celebrada pelos judeus com pães sem fermento (asmos), carne de
cordeiro e ervas amargas. A Santa Ceia hoje é celebrada com pão, lembrando o corpo de Cristo sem contaminação com o
pecado; e com o vinho como o sangue de Cristo. Precisamos entender que a Santa
Ceia não pode ser encarada como um ritual, mas um momento para nos lembrarmos
que Ele morreu por nós. É um tempo para refletir e agradecer o sacrifício do
Salvador. A páscoa foi ratificada por Jesus, com uma nova configuração, por
isso deve ser por nós vivenciada e não apenas comemorada como uma tradição. Assim,
viver a páscoa é fazer como o salmista.
Oferecer-te-ei sacrifícios de
louvor, e invocarei o nome do Senhor. Salmos 116:17
Nesse trecho, o
evangelista Lucas, também tido como o escritor do Livro de Atos dos Apóstolos,
nos faz refletir sobre uma importante revelação de Jesus sobre Sua missão na
Terra. Quando lemos a História de Jesus, narrada nos quatro Evangelhos, vemos
que Jesus operou milagres, que era seguido por uma multidão que testemunhou
Seus feitos, a mesma multidão que, instigada pelos líderes da época, O condena
à cruz. Mas é interessante observar também que Jesus, embora notório pregador
da Palavra, esconde que é o Messias e até manda seus discípulos manter silêncio.
Mas vemos também em alguns episódios descritos pelos evangelistas que aparente
segredo era conhecido por alguns que O seguiam e até mesmo pelos demônios expulsos
por Ele. Vemos que Jesus, embora seguido por uma multidão, não usava Seus
milagres como marketing, nem se vangloriava deles. Por isso, muitas vezes
falava por parábolas e somente aqueles que tinham a orientação do Espírito
recebiam a revelação e o entendimento, como os pastores, que se levantaram e
imediatamente foram a Belém. Havia, e ainda há, um véu que separa as pessoas de
ver e compreender o mistério da Sua messianidade. Por isso a Bíblia diz que Jesus
veio para os Seus e os Seus não O receberam. Conhecendo a História secular e também
a Bíblia, vemos que os judeus, dos tempos de Jesus e muitos atuais, fantasiaram
e ainda fantasiam a vinda do Messias. Mais do que os gentios, eles tinham o
conhecimento das Escrituras, tinham as Profecias para guiá-los e, entretanto,
ficaram cegos, confundiram os tempos, as épocas e o que esperar do
Messias.Sabemos que do ponto de vista
político, os judeus estavam dominados pelo Império Romano, humilhados como
nação e isso fez com esperassem que o Messias em seu tempo os libertassem dessa
opressão. Se perderam o bonde da História e não O reconheceram quando esteve
como homem entre eles, agora precisam vigiar e ficar atentos, pois o Messias não
voltará da mesma forma. Ele voltará com poder e Grande Glória, como o Rei dos
reis, como o Senhor dos Senhores e virá para dominar a terra, para ser visto
por todo olho e aí todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus
Cristo é o Senhor. É sobre isso que nos alerta Lucas no texto em epígrafe. Precisamos
vigiar e orar, pois foi exatamente isso que os judeus não fizeram quando
tiveram a honra e a oportunidade de ter Sua Presença. Precisamos vigiar e orar,
para reconhecer os tempos e as épocas, para nos mantermos fieis a Deus e nos encontrarmos dignos
de ficar de pé diante do Seus trono. Fiquemos atentos ao que nos ensina o
profeta Jeremias 23:5
Eis que vêm dias, diz o Senhor, em
que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente,
e praticará o juízo e a justiça na terra.
Essa parábola contada
por Jesus, registrada no Evangelho de Lucas simboliza a síntese de todo Plano da
Salvação, iniciado pelos profetas, preconizado por João Batista e chega ao herdeiro,
Jesus Cristo, morto e sepultado longe da vinha, representada por Jerusalém. Vemos
que Jesus se refere às autoridades de Jerusalém e grandes proprietários de
terras e compara essas autoridades com agricultores ambiciosos e assassinos que
recebem, a qualquer custo, o que não lhes pertence. O povo que rejeita a Deus é
representado pela infidelidade dos vinhateiros. Isso nos faz refletir sobre uma
das causas da morte de Jesus, a cobiça dos chefes do povo, que ambicionavam o
que era de Deus. Vemos que Jesus apresenta essa parábola depois de uma discussão
com os chefes dos sacerdotes, quando perguntaram a Ele com que autoridade ensinava
no templo. Essas pessoas se achavam os únicos com autoridade para ensinar ali. Ao
final, todos concordam que o proprietário faz bem em dar a vinha a outros, e
entendem que Jesus é a Pedra angular a qual se refere o salmista
A pedra que os edificadores
rejeitaram tornou-se a cabeça da esquina. (Salmos 118:22)
Essa passagem
refere-se ao momento em que Jesus enxerga Zaqueu, o publicano que tentava vê-Lo
quando passava por Jericó. A Bíblia conta que os publicanos sofriam um grande repúdio
dos fariseus, porque muitos deles extorquiam os judeus sob a indiferença dos
romanos. Assim, enriqueciam ilicitamente e eram mal vistos pelos próprios compatriotas
que consideravam os publicanos como traidores e desprezíveis tanto pelo fato de
ajudarem Roma a extorquir Israel e porque cobravam além do estipulado por Roma
em benefício próprio. Assim como constatamos nos dias de hoje, alguns coletores
aceitavam suborno dos ricos diminuindo a taxa deles e sobrecarregando os pobres
para compensar. Tal como acontece atualmente, o povo se sentia massacrado com
tantos impostos. E isso era (é) feito por aqueles que deveriam combater as
injustiças. Zaqueu convivia com o ódio dos judeus, assim como muitos
representantes do povo, ou servidores públicos do nosso tempo convivem com o
desprezo dos contribuintes e eleitores. Mas com a presença de Jesus aconteceu
algo que esperamos que aconteça também aos nossos representantes nos dias
atuais. Zaqueu descobriu que o dinheiro e o poder não podiam comprar o respeito
social, o título ou a posição não garantem paz, tampouco a riqueza granjeada
ilicitamente significa prosperidade para quem precisa a cada dia se justificar ou
se defender das acusações que a própria consciência aponta. Mas Zaqueu começou a
ouvir sobre Jesus e recobrou sua visão sobre a importância de sua família e de
seus valores morais. Zaqueu não se inibiu com suas limitações. A Bíblia o
descreve como de pequena estatura e ele não conseguia ver Jesus no meio da multidão.
Contudo, isso não o impediu de enxergar o seu alvo. Sendo rico e conhecido em
Jericó não temeu o ridículo, ele subiu em uma árvore e ao fazer isso confessava
diante de todos que reconhecia que Jesus era mais importante do que o seu
dinheiro e a sua posição. Zaqueu venceu sua limitação, olhou na direção certa e
enxergou além do que viu. E Zaqueu viu em Jesus a possibilidade de salvação e
investiu naquilo que creu, quando tomou a atitude de dar aos pobres metade de
seus bens e de restituir quatro vezes mais a quem defraudou. Mas o mais
importante é que Jesus o viu, porque O buscou de todo coração. Jesus o chamou
pelo nome e transformou não só a ele, mas a toda a sua casa. Como Zaqueu e como
Josué podemos escolher a quem servir e podemos afirmar
porém eu e a minha casa serviremos
ao Senhor. Josué 24:15
Essa pergunta feita
por Jesus para nossa reflexão está contida no registro de Lucas da parábola conhecida
como o Juiz Iníquo. Nela o Senhor nos apresenta dois personagens principais:
uma viúva cuja causa justa era insistentemente apresentada contra um adversário
que não é revelado e um juiz que desprezava continuamente os apelos da viúva para
que a justiça lhe fosse feita. No entanto, pela importunação que lhe causava em
vista da insistência ele resolve julgar a causa da pobre mulher, apesar de
ficar claro que não se importava com ela, não temia a Deus e tampouco tinha consciência
de seus deveres profissionais e para com a sociedade. Nessa parábola, os
personagens representam dois lados extremos da sociedade. De um lado, o juiz
que é parte do lado mais forte e privilegiado, exercendo o poder sem temer a ninguém
e, de outro, a viúva representante do lado mais frágil, pois, sem recursos e
marginalizada pela sociedade, dependia da justiça e da solidariedade das
pessoas. E Jesus nos mostra que ela não obteve êxito em sua causa pela posição que
ocupava, tampouco porque encontrou respeito e solidariedade por sua condição. Ela
conseguiu que a justiça lhe fosse feia pela perseverança. E assim o Senhor nos
ensina que devemos ser perseverantes na oração. Já no início Jesus no dá a
chave da lição dessa parábola: “Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de
orar sempre e nunca esmorecer” (Lucas 18:1). Certa de estava correta, a viúva busca
que o juiz dê o ganho de causa a ela e insiste na petição, demonstrando fé. E o
juiz, mesmo sendo iníquo fez-lhe justiça pela perseverança que ela demonstrou. Então
Jesus nos leva a refletir: se esse juiz, como muitos que temos na sociedade
atual, ouviu e julgou a causa de uma pessoa humilde, Deus, o Juiz Justo e Todo
Poderoso, em Seu tempo, fará muito melhor do que isso a nós que perseveramos em
oração e pedido para julgue nossa causa. Jesus nos ensina a não sermos imediatistas
e a continuarmos insistindo com nossas petições diante de Deus, com a mesma fé
dessa viúva
Deveras orará a Deus, o qual se
agradará dele, e verá a sua face com júbilo, e restituirá ao homem a sua
justiça. Jó 33:26
Esse versículo é parte
da passagem de Lucas que registra a cura dos dez leprosos, quando Jesus viajava
da Galileia para Jerusalém. Nesse caminho, Jesus encontrou alguns homens
isolados da sociedade e relegados ao esquecimento por parte das autoridades
religiosas de Jerusalém. Quase ninguém passava pelo caminho que levava àquela
aldeia de leprosos, pois, seriam considerados contaminados e impuros. Mas Jesus
altera o seu trajeto para ir ao encontro daquelas pessoas abandonados à sua
própria sorte. E Ele é visto de longe por um grupo de dez leprosos que,
guardando o limite de distância imposto aos contaminados diante de pessoas
sadias, levantam a voz e pedem misericórdia a Jesus que lança uma palavra profética
de fé, de aqueles homens alcançariam a cura se acreditassem nas suas palavras. Contudo,
o que Lucas destaca nessa passagem é que os dez leprosos foram curados ainda no
caminho, e nove continuaram caminhando em direção à Jerusalém, mas apenas um
leproso voltou para demonstrar a sua gratidão ao seu redentor. Dos dez curados,
nove se preocuparam em cumprir a lei e apenas um julgou importante agradecer. A
Bíblia nos mostra que dez foram curados, entretanto um foi salvo. E ele era
samaritano. Não se deixou aprisionar pelas formalidades, mas compreendeu que
Jesus era a própria a Lei em Pessoa. Entendeu que antes de cumprir com
cerimoniais, deveria honrar Aquele que demonstrou tão grande compaixão por sua
vida. Mais do que cumprir a Lei judaica ele cumpriu a Lei da gratidão e do
amor. Ele sabia que a Lei nunca havia curado um leproso, mas a graça misericórdia
de Jesus, sim. Ele sentiu na própria pele o que disse o profeta Oseias 6:6
"Porque eu quero a
misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os
holocaustos." Oséias 6:6
Este versículo é parte
de uma passagem que relata uma parábola dita por Jesus e é um dos ensinamentos
mais difíceis de toda a Bíblia, embora seja uma parábola, portanto traz uma
lição bem específica, de forma simples e cotidiana para seu público imediato. Essa
parábola do mordomo infiel registrada apenas no evangelho por Lucas foi
dirigida inicialmente aos fariseus, mas Jesus nos deixa uma lição sobre como
devemos administrar as coisas que o Criador colocou a nossa disposição. Embora
pareça que há um elogio à infidelidade, ou aprovação de Jesus sobre a astúcia
no uso dos recursos confiados, e uma leniência com a desonestidade, como pode
aparentar uma leitura rápida, o que está em questão é a forma como
administramos o que nos é dado por empréstimo. E assim devemos partir do pressuposto
de que todos nós, de certa forma, somos mordomos infiéis por isso Jesus
aconselha e sintetiza a lição da parábola no verso em epígrafe. Mas precisamos entender
que Jesus ensina que devemos ganhar amigos para o Seu Reino com os recursos
confiados a nós. Mas Ele não se refere às amizades corrompidas e interesseiras,
que granjeamos tão somente enquanto há recursos materiais, ou poder que
envolvem essas relações passageiras. Jesus nos ensina a usar os bens entregues
a nós temporariamente para alcançarmos pessoas para a Eternidade incorruptível,
por isso termina com uma mensagem de desapego ao dinheiro e nos adverte com
essa parábola, que daremos conta da administração de nossas vidas e das nossas
relações com nosso próximo. Com essa parábola entendemos que somos falhos e que
se não há gerenciamento perfeito, certamente cada ser humano será achado em
falta, como aquele mordomo, pois nem sempre usamos os nossos bens e habilidades
em favor do Reino de Deus, por essa razão precisamos pedir a Deus, como faz o
salmista
Ensina-me a fazer a tua vontade,
pois és o meu Deus. O teu Espírito é bom; guie-me por terra plana. Salmos
143:10
Esse versículo é a
parte central de uma das parábolas mais conhecidas da Bíblia. É o momento em
que o filho pródigo cai em si e toma a atitude de voltar atrás e de pedir perdão
ao pai. Mas antes ele precisou abrir mão de tudo o que tinha em sua casa para
conhecer a dura realidade do mundo, fora do aconchego de seu lar e longe do
amor paterno. Nesta parábola Jesus quer nos mostrar que a compaixão do pai representa
a compaixão do Deus Pai que se alegra quando um pecador retorna. E é esse o momento chave do filho que dissipou toda a sua herança com os prazeres do
mundo. É quando toma o caminho de retorno para sua casa. Quando consegue fazer
um exame de sua vida e entender que as alegrias do mundo são passageiras e que
as amizades feitas no mundo são oportunistas e não sobrevivem aos problemas que
inevitavelmente aparecem. Mas a adversidade fez com que ele reconhecesse a
diferença entre os dois mundos: aquele que teria direito por amor e graça e
aquele que ele escolheu por ignorar a verdade. A adversidade fez com ele
soubesse que o pai o esperava a distância e não estava indiferente, embora o
filho tivesse pegado sua herança e deixado o lar. E Jesus nos mostra assim é o
mesmo com Deus. Ele nos espera ao longe, perdoa e deleta todo o passado de todo
filho que retorna.
Pois tu, Senhor, és bom, e pronto a
perdoar, e abundante em benignidade para todos os que te invocam. Salmos 86:5
A Bíblia não é um
manual de boas regras, mas se prestarmos atenção veremos que ela nos ensina até
como nos comportar em lugares públicos para não sermos envergonhados. Nessa
parábola narrada por Lucas, Jesus recomenda que não convém chegar a algum lugar
como convidado e ocupar os primeiros assentos ou as cadeiras reservadas, pois o
risco de ser desalojado e substituído por outro é real. Por isso Ele explicou
que é melhor sentar-se nos lugares mais para trás e ser conduzido pelo anfitrião
sem se precipitar em ocupar os primeiros lugares antes de ser convidado a
fazê-lo. Mas por detrás dessa lição prática de humildade e de prudência há uma lição
espiritual muito mais importante, por isso Jesus ensinou “Porquanto qualquer
que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar
será exaltado." (Lucas 14:11). O Mestre não estava falando de lugar de convidados,
mas do reino espiritual, onde quem tenta se exaltar será humilhado e quem a se
próprio se humilha será exaltado. Ele nos ensina que não são os títulos, os
postos e o status que têm valor em Seu Reino. O próprio Jesus nos deu uma
grande lição de humildade durante toda a Sua missão na terra. Ele não buscou
ser servido, entretanto serviu Seus discípulos até o último instante, quando
lavou os pés de cada um de Seus apóstolos, um serviço reservado ao mais humilde
servo judeu. Mas a mensagem de Jesus continua viva ainda que na contramão de tudo
que temos presenciado nessa sociedade corrompida e que que valoriza o ter e o
estar, independente de como se chegou a isso. Jesus nos ensina a honrar os mais
pobres e a dividir com eles a mesa e não com as autoridades ou com os
poderosos. Aquele que é humilde de coração será exaltado, mas como nos ensina o
sábio
A soberba precede a ruína, e a
altivez do espírito precede a queda. Provérbios 16:18
A Bíblia nos convida
ao arrependimento reiteradas vezes: em mensagens trazidas pelos profetas no
Antigo Testamento, e de forma bem enfática pelo profeta do Novo Testamento,
João Batista, que precedeu Jesus, o maior proclamador do arrependimento e que
nos ensinou que arrepender-se é muito mais que uma confissão de pecado. Arrepender-se
significa “lamentar o mal cometido; sofrer pela falta praticada”. Não basta
admitir que errou, é preciso demonstrar mudança de atitude em relação ao erro
cometido. Na Bíblia, vemos várias declarações de reconhecimento do pecado que não
se converteram em mudança de postura, em verdadeiro arrependimento. Faraó admitiu
que pecou em Êxodo 9:34 quando Deus enviou granizo e fogo ao Egito, no entanto,
tendo visto que cessaram as chuvas, as pedras e os trovões, tornou a pecar e
endureceu o coração. Balaão também admitiu que pecou quando a jumenta lhe falou,
mas nunca mudou, portanto, não se arrependeu. Também o rei Saul admitiu que
pecou ao ser confrontado pelo profeta Samuel, mas não assumiu a
responsabilidade por suas ações, fazendo como muitos fazem: colocou a culpa no diabo.
Também Judas, no desespero, admitiu que pecou por ter traído sangue inocente,
mas teve apenas remorso que não gerou arrependimento, por essa razão tirou a própria
vida. Se tivesse se arrependido verdadeiramente, teria sofrido com sua atitude
e convertido seu erro como um discípulo de Jesus, pois o arrependimento é uma
mudança de coração. O verdadeiro arrependimento muda atitudes do homem e move a
mão de Deus em relação às nossas transgressões, como registra o profeta Isaías
44:22
Apaguei as tuas transgressões como a
névoa, e os teus pecados como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi.
Vivemos em um mundo movido
por uma sociedade hedonista e consumista tem ocupado grande parte, se não a
totalidade, de seu tempo com coisas matérias e com a busca de poder e de prazer
que aniquilam o próprio tempo e sufoca a essência humana. Na busca por aspectos
materiais, perecíveis e transitórios, a humanidade tem perdido seu foco nas
coisas do Reino. As prioridades têm sido invertidas, o homem e seus desejos ou compreensão
acerca de seu papel na Terra tem se colocado como o centro do Universo, e até
mesmo na posição do Criador. Ao contrário do ensina a Bíblia, a criatura tem
sido elevada à condição de decidir o que quer, como e quando ser e o Criado
relegado ao plano de juiz leniente e sem autoridade. Mas vemos que Jesus usa o
imperativo para nos indicar o rumo dessas preferências que têm norteado a
sociedade atual. Se toda a vida humana, no presente ou no porvir está determinada
pela opção que o indivíduo faz, a favor ou contra o Reino de Deus, devemos
entender que esta determinação de Jesus é uma questão urgente, que não pode ser
adiada, pois não sabemos quando haveremos de perecer. A decisão deve ser tomada
no tempo que se chama hoje, pois dela depende fundamentalmente a sua salvação,
conforme nos ensina o autor de Hebreus 3:13. Quem perde tempo preocupando em
demasia com as coisas terrenas não consegue alcançar a dimensão do Reino de
Deus. Essas coisas não podem ocupar a preocupação dos seguidores de Jesus como
mais importantes da vida, pois aqueles que Nele confiam sabem que terão a provisão
necessária. O ensinamento de Jesus, registrado também por Lucas nos faz
refletir sobre o que ponderou o salmista nos Salmos 30:9
Que proveito há no meu sangue,
quando desço à cova? Porventura te louvará o pó? Anunciará ele a tua verdade?
Salmos 30:9
Neste texto, relatado
por Lucas, vemos que Jesus expulsava um demônio mudo que, ao sair, fez com que
o homem que lhe incorporava falasse, deixando a multidão admirada. Mas alguns
deles disseram que Ele expulsava os demônios pelo príncipe dos demônios e O punham
à prova, pedindo-lhe um sinal do céu. Conhecendo os seus pensamentos, Jesus
respondeu-lhes que uma casa dividida contra si mesma cairá, e se satanás está
dividido contra si mesmo o seu reino não pode subsistir. Mas o que nos chama a atenção
nessa passagem é que não foi o homem antes possuído por um demônio mudo que acusou
Jesus de operar milagres pelo poder de satanás, pois se tivesse falado seriam para
testemunhar o milagre e exaltar Aquele que o libertou. Foram os homens que presenciaram
os milagres que O acusaram. Contudo, o interesse deles não era nem a verdade
nem a cura, mas a atenção do povo. E isso,
infelizmente, tem acontecido com frequência nos dias atuais, quando os cristãos
brigam, se dividem e estragam o trabalho de outros servos do Senhor, porque se
alinham com uma ideologia, um partido político, uma corrente teórica ou filosófica.
E como disse Jesus, só há um resultado - um reino dividido, por isso nos alertou
contra falsos profetas e suas obras em Mateus 7:15-16; 24:4-5. E por isso nos
ensina a provar os espíritos (1 João 4:1). Mas, também nos alerta para tomarmos
cuidado para que nosso combate seja contra o inimigo e não contra nossos irmãos
e verdadeiros companheiros na guerra espiritual. E para que tenhamos
discernimento sobre o que é certo devemos buscar o Espírito Santo e ouvir os
profetas do Senhor, como nos ensina Jeremias 23:28
O profeta que tem um sonho conte o
sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale a minha palavra com verdade. Que
tem a palha com o trigo? Diz o Senhor.